Page 138 - A trajetória da Faculdade de Ciências e Letras de Assis nos desafios educacionais do ensino superior: entre o passado e o futuro

Faculdade de Ciências e Letras de Assis (1958-2008) 50 anos. Por que comemorar?
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de tempo integral; os demais colegas, nestes primeiros anos de cria-
ção do Departamento, trabalhavam em regime de turno completo.
Mais tarde, a maioria passou a morar na cidade em regime de dedi-
cação integral (RDIDP).
Projeto teórico
No início, éramos praticamente uma espécie de sucursal do
Departamento de Filosofia da USP. Os primeiros docentes de Assis
foram indicados por professores da Faculdade de Filosofia da Rua
Maria Antônia.
É de se reconhecer que, neste início, não havia um projeto
intelectual claro e definido do Departamento; afinal, éramos recém-
formados, com pequena experiência docente, além de estarmos in-
certos quanto à definição da problemática nossas pesquisas. Assis
era a nossa iniciação acadêmica e intelectual.
Éramos, sim, fortemente influenciados pelo estilo de traba-
lho intelectual vigente no DF da USP. Modelo de trabalho filosófico
disciplinado e rigoroso e, acima de tudo, temido pelos estudantes
que ousavam frequentar o curso da Maria Antônia. Num depoi-
mento recente, Marilena Chauí falou do clima de pavor que expe-
rimentávamos por ocasião dos seminários. Com exceção das aulas
descontraídas do prof. João Cruz Costa e, em certa medida, de Lí-
vio Teixeira, eu também lembraria o tenso momento das aulas nas
quais poucos de nós nos atrevíamos a fazer perguntas, levantar dú-
vidas ou pedir esclarecimentos. Mais ainda, nossa apreensão cres-
cia por ocasião da entrega das provas ou dos trabalhos de avaliação,
quando conhecíamos as duras críticas anotadas pelos professores.
A influência uspiana se manifestava na compleição dos cursos que
ministrávamos em Assis, pelos autores escolhidos, pelo método de
trabalho adotado em aulas e em seminários (a orientação metodo-
lógica estruturalista proposta por Victor Goldschmidt e Martial
Guéroult).