EVOLUÇÃO HUMANA

 

POSIÇÃO FILOGENÉTICA DA ESPÉCIE


DEFINIÇÃO SOB ASPECTO EVOLUTIVO

  • Seres vivos que sofreram (e sofrem) pressões seletivas, sob influência de um meio ambiente em transformação.

  • Sofremos os mesmos processos que todas as outras espécies.

  • Somos uma espécie que vive em sociedade e apresenta características peculiares.

POSIÇÃO FILOGENÉTICA

O primeiro aspecto a ser analisado é a posição da nossa espécie diante dos seres vivos atuais, quais as relações existentes ? Quais são os seres vivos com os quais compartilhamos ancestrais mais próximo ? 

As fotos e informações e informações citadas na tabela abaixo foram obtidas no CD-Rom Os Mamíferos produzido pela Universidade de Oxford e versão brasileira da Publifolha.

Hylobates syndactylus - Siamangue.

 

Uma família de siamangues composta de um macho (à esquerda), uma fêmea e um filhote. É possível ver o grande saco vocal do macho, que infla durante a vocalização. Os siamangues costumam vocalizar nos limites do seu território para avisar os outros grupos que mantenham distância

 

Congêneres: 8, incluindo -

Gibão-ágil; Gibão-de-mão-escura Hylobates agilis

Gibão-de-topete; Gibão-de-bochecha-branca Hylobates concolor

Gibão-de-sobrancelha-branca Hylobates hoolock

Gibão-prateado Hylobates moloch

Gibão-de-bonéHylobates pileatus

Tamanho comprimento cabeça+corpo 47-59,5 cm, cauda ausente; peso 10,5-11 kg.

Coloração: preto, com saco vocal cinzento ou rosado.

Distribuição: Sudeste Asiático, na Malásia e Sumatra.

Tam. do grupo: pequenos grupos familiares.

Dieta: principalmente material vegetal, como folhas e frutos; também insetos, ovos de aves e pequenos vertebrados.

Reprodução: provavelmente não sazonal; um filhote por vez.

Longevidade: cerca de 25 anos.

Situação atual: ameaçado pelo desmatamento para obtenção de madeira; sua distribuição já sofreu redução drástica devido ao desmatamento e as populações estão ficando fragmentadas; algumas populações estão em áreas protegidas.

Hylobates lar

Gibão-lar;Gibão-de-mão-branca;Gibão-comum.

O gibão-lar desloca-se balançando-se através das árvores; usa os longos braços como pêndulos até conseguir impulso suficiente para alcançar a árvore seguinte; esse método é denominado braquiação.

 

Tamanho: comprimento cabeça+corpo 44-64 cm; sem cauda; peso 5-6 kg.

Coloração: varia de uma população para outra, de camurça-claro a marrom, marrom-escuro, preto ou vermelho; pele da face geralmente cinza a cinza-escura; a pelagem da face pode ter um anel branco ou ser muito mais pálida que o resto do corpo, com uma linha de demarcação nítida; mãos e pés brancos.

Distribuição: sudeste Asiático, na Tailândia, Península Malaia e Sumatra.

Tam. do grupo: pequenos grupos familiares.

Dieta: principalmente frutos.

Reprodução: provavelmente não-sazonal; apenas um filhote por vez.

Longevidade: cerca de 25 anos.

Situação atual: ameaçado, com populações diminuindo apesar da proteção legal; os principais motivos são o desmatamento de seu habitat nas florestas e a caça ilegal para obtenção de carne.

 

Pongo pygmaeus, Orangotango

O orangotango era outrora encontrado em muitas partes do Sudeste Asiático e na Indochina, mas hoje só existe em Sumatra e Bornéu. Suas populações continuam diminuindo, à medida que é destruída a floresta, seu habitat.

 

 

Congêneres nenhum; uma única espécie.

Tamanho: comprimento cabeça+corpo 78-97 cm, sem cauda; peso 40-90 kg.

Coloração: varia de alaranjado brilhante, nos animais jovens, a castanho ou cor-de-chocolate em alguns adultos; face rosada nos animais jovens, preta nos adultos.

Distribuição: Sudeste Asiático, no norte de Sumatra e na maior parte das planícies de Bornéu.

Tam. do grupo: solitário.

Dieta: principalmente frutos, como manga, figo, jaca, durião, lechia e mangostão, além de brotos e folhas novas, insetos e cascas de árvore; às vezes, ovos de aves e pequenos vertebrados, como filhotes de aves e esquilos.

Reprodução:provavelmente não-sazonal, mas se reproduz somente a cada três ou quatro anos, apenas um filhote por vez.

Longevidade: até 60 anos.

Situação atual: corre perigo de extinção pela destruição do habitat, após grave redução das populações devido à captura para zoológicos e comércio de animais.

 

Gorilla gorilla beringei Gorila-das-montanhas.

A hora da sesta de uma gorila-das-montanhas e seu filhote de três anos. A lenta taxa de reprodução dos gorilas - apenas um filhote a cada cinco anos mais ou menos - dificulta a recuperação das populações e diminui a eficiência da reprodução em cativeiro.

Congêneres: uma subespécie da única espécie de gorila; 2 outras subespécies -

Tamanho: comprimento cabeça+corpo 1,5-1,8 m, sem cauda; peso 90-180 kg.

Coloração: preto a cinza-amarronzado, tornando-se cinzento com a idade; nos machos mais velhos, grande parte do dorso é branco-prateada; pele cor-de-azeviche.

Distribuição: África, nas montanhas do Zaire, Ruanda, Uganda, República dos Camarões e Gabão, a altitudes de 1.650-3.790 m.

Tam. do grupo: pequenos a grandes grupos.

Dieta: material vegetal, como folhas, botões e caules.

Reprodução: não-sazonal; somente um filhote por vez; gêmeos são raros e em geral só um sobrevive.

Longevidade: cerca de 35 anos em estado selvagem, 50 anos em cativeiro.

Gorilla gorilla graueri

Gorila-das-planícies-orientais

O gorila-das-planícies-orientais vive nas florestas do Zaire e está em risco de extinção devido à caça ilegal, facilitada pelas recentes disputas ocorridas nessa região e o consequente acesso a armas. Outras sérias ameaças são a destruição do habitat e as armadilhas de laço usadas na caça de outros animais.

Distribuição: África, restrito ao centro e leste do Zaire.

 

Gorilla gorilla gorilla

 Gorila-das-planícies-ocidentais

O gorila-das-planícies-ocidentais pertence à mais numerosa das três subespécies. Vive nas florestas tropicais, alimentando-se de dia e dormindo à noite em ninhos de folhas que constrói nos galhos das árvores ou no solo.

Distribuição: África Ocidental, do sudeste da Nigéria até o Zaire.

Situação atual: o gorila-das-montanhas corre sério risco de extinção, parcialmente em consequência da destruição do seu habitat e da caça no passado, mas também devido às repetidas guerras civis na região, que dificultam a continuidade do serviço de proteção; o gorila-das-planícies-orientais também corre sério risco pelos mesmos motivos; como o gorila-das-planícies-ocidentais é mais numeroso e sua distribuição, mais ampla, suas populações parecem bem mais estáveis.

 

 

Pan paniscus, Chimpanzé-pigmeu; Bonobo.

 

O bonobo talvez seja a espécie mais próxima do ancestral comum ao homem e ao chimpanzé. Vive em florestas tropicais pantanosas e alimenta-se principalmente de frutos, mas também de uma grande variedade de outros materiais vegetais e invertebrados, bem como roedores, pequenos antílopes, peixes e caranguejos.

 

Tamanho: comprimento cabeça+corpo 73-76 cm, cauda ausente; peso 31-39 kg.

Coloração: preto, com uma grande intumescência rosa ao redor dos órgãos genitais.

Distribuição: África, confinado ao Zaire.

Tam. do grupo: grandes grupos.

Dieta: principalmente material vegetal, em especial frutos; também insetos, minhocas e outros invertebrados; ocasionalmente pequenos mamíferos.

Reprodução: não-sazonal; apenas um filhote por vez, raramente dois.

Longevidade: 25-40 anos em cativeiro.

Situação atual: em risco de extinção devido à fragmentação de seu habitat na floresta; não existem populações em áreas protegidas e há muito poucas em cativeiro.

 

 

Pan troglodytes, Chimpanzé-comum

 

Os chimpanzés são conhecidos pela habilidade de usar ferramentas. Este chimpanzé está usando uma pedra para quebrar frutos de palmeiras. Também usam ferramentas para tirar cupins do ninho, transportar água e, no cativeiro, para resolver vários problemas.

Tamanho: comprimento cabeça+corpo 70-92 cm, sem cauda; peso 80-90 kg.

Coloração: principalmente preto, mas nos animais mais velhos essa cor pode mudar para cinza; a maioria dos animais apresenta uma barba curta branca; a face e a pele das mãos, bem como das solas dos pés, variam de rosa a marrom ou preto, tornando-se, em geral, mais escuras com a idade.

Distribuição: oeste e centro da África, norte do rio Zaire, do Senegal até a Tanzânia.

Tam. do grupo: grupos grandes.

Dieta: material vegetal, como folhas, frutos, flores, sementes, caules, casca e seiva de árvores; insetos; mel; ovos e mamíferos, como antílopes e veados jovens, e outros macacos e babuínos.

Reprodução: não-sazonal; apenas 1 filhote por vez, raramente gêmeos.

Longevidade: mais de 50 anos.

Situação atual: ameaçado em conseqüência da destruição e fragmentação do habitat e da caça, principalmente nos lugares em que devastam plantações; seu número também sofreu grande redução no passado com a exportação para zoológicos e centros de pesquisa, bem como devido ao comércio de animais de estimação.

Os principais métodos usados foram:

  • Comparação dos cariótipos (Yunis & Prakash, 1982) - Homem; Chimpanzé; Gorila e Orangotango.
    • essas espécies atuais compartilham um ancestral com a mesma estrutura fina dos cromossomos do Homem.
    • Análises comparativas de alta resolução entre as espécies descritas sugerem que dos 23 cromossomos do homem atual 18 são virtualmente idênticos aos do ancestral Hominoidea comum e os cromossomos restantes são pouco diferentes.
    • A primeira separação desta linhagem ocorre nos Gorilas e os três maiores rearranjos cromossômicos aparecem no ancestral comum ao Homem e chimpanzé antes da divergência final destas linhagens.
    • dados sugerem a existência de um ancestral comum entre os orangotangos e o hominoide ancestral.

  • Utilização da Genética-Bioquímica para análise comparativa entre proteínas do Homem, Pongídeos e Gibões (98 % de similaridade genética entre o Homem e o Chimpanzé)
  • Hibridização do DNA (- 1,1 % de diferenças entre bases do DNA entre Homem e o chimpanzé). Tais diferenças estariam relacionadas principalmente a genes reguladores e de expressão no tecido nervoso.
  • Enard e col. 2002 (Science, 12/04/2002 vol 296) identificou padrões de expressão gênica espécie-específica que indicam mudanças em proteínas e expressão gênica relacionadas ao cérebro humano.

Os resultados das análises citadas acima mostram que há grande similaridade genética entre o Homem e os Grandes Macacos (Chimpanzé, Gorila, Orangotango e Gibões em ordem decrescente de similaridade).

  • O primeiro estudo molecular realizado em 1967 indicava a separação entre humanos e macacos ocorreu a aproximadamente 5 milhões de anos. Desde então foram realizados cerca de 10 estudos utilizando várias metodologias de análise do DNA e todos indicam esse mesmo período. Hedge e cols. (Journal of Heredity -dezembro de 2001) comparando 50 genes integrantes do DNA nuclear de vários macacos, concluíram que nossa linhagem separou-se da linhagem dos chimpanzés entre 4,5 e 6,5 milhões de anos.

  • Apesar da existência de vários trabalhos que indicam a mesmo período de separação, alguns geneticistas discordam, utilizando como argumento a existência de erro de calibração do relógio molecular,ou seja, é necessário rever  e calcular quantas modificações de nucleotídeos ocorrem a cada milhão de anos, dado este obtido dos registros fósseis). Portando temos estimativas que a separação das linhagens tenham ocorrido a 10,5 a 13,5 milhões de anos.

ORDEM PRIMATAS

INFRA-ORDEM CATARRHINI

SUPERFAMÍLIA HOMINOIDEA

FAMÍLIA HYLOBATIDAE (Gibões)

FAMÍLIA PONGIDEA (Orangotango; Gorila e Chimpanzé)

FAMÍLIA HOMINIDEA (Homo)