Faculdade de Ciências e Letras de Assis (1958-2008) 50 anos. Por que comemorar?
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exerce.
*
Aqui está presente, de modo claro, a sua concepção materia-
lista da obra de arte literária nos dois aspectos que caracterizam sua
configuração: um, voltado para a realidade interna da obra, o texto, e
o outro, para a realidade externa, o contexto. Deixa ainda de pairar,
já aqui, dúvida de que para ele a natureza da literatura é função de
sua realidade estética, o que insere sua reflexão teórica na moderna
e então atual discussão sobre a literariedade da obra de arte literária
e sobre a função poética (“Lingüística e poética”, de Jakobson, é de
1960),
questões que dominavam os mais avançados estudos teóricos
sobre “o ser e o tempo” da literatura em âmbito internacional. De
maneira embrionária, expressa já aquela formulação, que fará mais
tarde de forma categórica em “O direito à literatura”:
A eficácia humana [da obra de arte literária] é função
de sua eficácia estética e, portanto, o que na literatura
age como força humanizadora é a própria literatura, ou
seja, a capacidade de criar formas pertinentes
**
.
Assim, Antonio Candido, quando de sua participação do
processo de interiorização da cultura em São Paulo, procede a pro-
duções teórica e prática sobre a natureza, função e análise da obra
de arte literária e de seu ensino, que são renovadoras tanto no espa-
ço da sala de aula, quanto no nível da reflexão acerca do fenômeno
literário. Deixa, ao mesmo tempo, marcas e comprovações de que
essa inovadora sintonia com o espírito do tempo nos estudos críticos
é contemporânea de sua experiência universitária assisense. Com
isso desfaz o equívoco, vivo no final dos anos 50 e começo dos anos
60 –
vigente até nossos dias ainda em certos espíritos, em algumas
*
Idem. Prefácio à 3. ª edição. In: _____.
Literatura e sociedade
:
estudos de teoria
e história literária. 3. ª ed. rev. São Paulo: Nacional, 1973, s.p.
**
Idem. O direito à literatura. In: _____.
Vários escritos
.
São Paulo: Duas Cida-
des, 1995, p. 251.
