Faculdade de Ciências e Letras de Assis (1958-2008) 50 anos. Por que comemorar?
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confortos domésticos e facilidades de comunicação. 1958, particu-
larmente, é lembrado como um ano de vitórias esportivas e ações
culturais vanguardistas: a seleção brasileira conquista a taça Jules
Rimet, derrotando a Suécia com seus ídolos Pelé, Garrincha e Didi;
surge a Bossa Nova nos sucessos de João Gilberto, Tom Jobim e
Nara Leão; Gianfrancesco Guarnieri renova o teatro nacional com
a peça
Eles não usam black-tie
;
inaugura-se o Palácio da Alvorada,
símbolo da interiorização do nosso progresso. É claro que, depen-
dendo de outras caracterizações, uma data pode também demons-
trar outros significados. Nesta lista que expus não consta, por
exemplo, a chegada de uma missão do FMI ao Rio impondo uma
série de condições para a concessão de um novo empréstimo pedido
pelo governo àquele banco, o que atestava nossa condição de país
dependente – palavra por décadas ressaltada no vocabulário acadê-
mico nacional.
De qualquer modo, a era do ouro foi um fenômeno mun-
dial marcado por um extraordinário crescimento do capitalismo
que repercutiu em várias dimensões, “embora a riqueza geral ja-
mais chegasse à vista da maioria da população do mundo”
*
,
espe-
cialmente dos que viviam nos países pobres, marcados por grandes
distinções sociais. As transformações capitalistas globais geraram
as condições, segundo aquele historiador, para a ocorrência de duas
grandes revoluções – social e cultural – que alteraram radicalmen-
te a sociedade contemporânea. As principais mudanças ocorridas
foram: a enorme explosão demográfica na maior parte do globo
com a formação de metrópoles; a migração de grandes contingentes
populacionais para as cidades; a tendência progressiva à morte do
campesinato; a reformulação dos empregos urbanos com o cresci-
mento de ocupações que exigiam educação secundária e superior; a
entrada em grande número de mulheres no mercado de trabalho; a
emergência da juventude como uma camada social separada e o sur-
gimento de uma cultura jovem internacional; o triunfo do indivíduo
*
Idem
,
p. 253.
