ta vez era muito maior. Tratava-se de uma eleição que mobilizaria
todo o Campus, com a participação de professores, alunos e funcio-
nários através do voto direto. Ademais, os candidatos vencedores
administrariam por quatro anos um orçamento da ordem de R$ 14
milhões ao ano, orçamento este maior que o da prefeitura local.
A eleição mobilizou grande parte da comunidade local e
regional, em virtude da magnitude do orçamento da instituição,
bem como da importância da Unesp para a população de Assis.
Ter recebido o apoio da comunidade universitária para colocar-me
como candidato foi para mim questão de muito orgulho. Duran-
te o processo surpreendia-me às vezes percorrendo meu passado e
lembrando-me do tempo em que, ainda pré-adolescente, passava
pelo estreito caminho não pavimentado (hoje Avenida Dom Antô-
nio) que levava à Faculdade e avistava o único e majestoso prédio da
Faculdade de Filosofia, agora conhecido como prédio I. Certa vez,
lembrei-me então, acompanhava meu tio Jaco (grande clarinetista
e vendedor ambulante) vindo de Maracaí (onde eu morava) para
Assis. Ao passarmos defronte ao
Campus
meu tio dirigiu-se a mim
com as seguintes palavras, carregadas de sotaque portofelicense:
“
Ei Zé Carlos, aquela é a Faculdade; quem sabe um dia você não
estuda lá”.
Contudo, saindo daqueles devaneios, defrontava-me logo
com a realidade dura que antecedia a eleição: sucessivas reuniões,
acordos e desacordos, elaboração de programa, conchavos, visitas a
Departamentos, Sessões Administrativas e Salas de Aula. Enfren-
tava tudo com muita disposição, mas às vezes parava para pensar
no significado de tudo aquilo para a Universidade. Era inegável
que o salutar processo de democratização da Universidade trazido
pelas eleições diretas fazia-se acompanhar também pela praga do
populismo acadêmico e das promessas de campanha que poderiam
transformar a sala do diretor em um balcão propício para reivindi-
cações de interesses individuais menores.
Preocupava-me também o fato de que minha candidatura era por-
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Faculdade de Ciências e Letras de Assis (1958-2008) 50 anos. Por que comemorar?
