Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 673

DIALOGISMO E POLIFONIA EM
O INFERNO
DE BERNARDO
SANTARENO.
BOTTON, Fernanda Verdasca
1
Resumo: Para compor o canto de morte do
serial-killer
Orfeu Wilson, Bernardo
Santareno constrói na peça teatral
O inferno
uma sinfonia de discursos de outrem. Esse
artigo tem como meta estudar e compreender como estes discursos revelam uma
multiplicidade de vozes e consciências que pensam a mente criminosa.
Palavras-chaves: Bernardo Santareno, teatro português, Bakhtin, dialogismo, polifonia.
Introdução.
Assassinos atrozes de duas crianças e um adolescente, Orfeu e Eurídice,
personagens criadas pelo dramaturgo português Bernardo Santareno, enterram os corpos
de suas vítimas em uma charneca. No sítio fúnebre, em uma noite de natal, o casal de
amantes diabólicos declama uma frase de
Os irmãos Karamazovi
: “
Tudo é permitido.
Visto que nem Deus, nem a imortalidade existem, o homem novo poderá ser Deus.”
(Santareno, s.d., p. 153).
A Dostoiévski, mescla ainda Orfeu palavras de outros autores, dentre eles, as de
Nietzsche, Sade, Hitler, Peter Weiss e Sartre. Criando uma rapsódia que poderia,
dialogicamente, tê-lo inspirado a cometer crimes hediondos.
Além disso, no julgamento desses “amantes diabólicos”, jurados, promotores e
assistentes analisam os assassinos e, com o intuito de tentar explicar a existência de
1
Doutora e Mestre em Literatura Portuguesa pela USP. Atua como Professora de
Literatura na pós-graduação e na graduação na Universidade do Grande ABC (São
Paulo, Brasil). Endereço eletrônico:
1...,663,664,665,666,667,668,669,670,671,672 674,675,676,677,678,679,680,681,682,683,...1290
Powered by FlippingBook