Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 653

mulheres em áreas relevantes do conhecimento e de terem alcançado prêmios
importantes, como o Nobel de Literatura pela poetisa chilena Gabriela Mistral (1945),
que se faz ouvir na América Latina e no mundo, ainda assim, a voz feminina, no humor,
era dada por um homem, como no caso da sábia Mafalda, que na década de 1970,
expressa suas preocupações pelo andamento da sociedade, graças à voz dada por Quino,
na Argentina.
No começo da década de 1980 se conhece o nome da humorista argentina
Maitena, a partir da qual podemos pensar que a natureza transgressiva das mulheres
latino-americanas ajuda a esta autora a expressar os conflitos interiores vividos pelas
mulheres de todas as idades, e, a fazer do riso uma forma de liberação. Até pouco tempo
atrás, a voz da personagem feminina no humor continuava sendo a voz que o homem
atribuía à mulher. Era essa voz que aparecia nos jornais e revistas. Hoje sabemos que a
construção do gênero ultrapassa o biológico, pois se trata de uma construção
sociocultural, ou seja, o olhar masculino nunca vai deixar de ser subjetivo. Deste modo,
quando Maitena publica em:
El
Pais
de Madrid,
La Nación. Para ti, La voz del
Interior,
Argentina, e quando lança seus livros, ela dá voz a todas as mulheres: casadas,
amigas, amantes, trabalhadoras, profissionais, mães, adolescentes, etc.
Para organizar seu universo semântico, essa autora utiliza a língua escrita que
ganha maior relevância junto à expressão gráfica, aos efeitos onomatopéicos como
recurso lingüístico - visual e aos diferentes níveis espaciais, etc. São estas as estratégias
que dão vida ao discurso humorístico junto ao plurilingüísmo social, ou seja, as
diferenças de dialetos sociais, e, ao plurifonismo individual, é dizer a estratificação da
língua em momento histórico. Assim, vemos que nessa narração fictícia e estética, o
artista introduz uma crítica aos valores morais da sociedade em que vive, e que por sua
vez, servirá de motivação para que o leitor faça sua própria leitura interpretativa da
realidade, e assim, a utilize como fonte de autoconhecimento.
BAKHTIN (2000)
entende que o papel do artista como comunicador implica em ver, esse mesmo artista,
como leitor da vida cotidiana que desenvolve as competências tanto leitora como
escritural, e desta forma, consegue dialogar com a palavra do outro: locutor, ouvinte,
textos anteriores (consideramos a cultura também como texto), dos outros e com a
própria. Nesse dialogo em que as vozes se entrelaçam constitui se o principio do
dialogismo Bakhtiniano.
1...,643,644,645,646,647,648,649,650,651,652 654,655,656,657,658,659,660,661,662,663,...1290
Powered by FlippingBook