Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 648

quando se empenha na escritura e publicação de um artigo crítico literário
(produção de conhecimento teórico) e ao mesmo tempo formula suas aulas
didáticas, é professor quando se encontra na sala de aula com seus alunos
(comunicação oral), professando seus ensinamentos. Nesse sentido, ele é sujeito
que questiona segundo uma determinada rede de questões formalizadas ou não,
e que ouve, de acordo com certas instruções de informação conferidas pela sua
área de atuação profissional; é sujeito que observa segundo um conjunto de
traços característicos, e que comenta, segundo um modelo descritivo já
aprovado pelo seu grupo. Nesse sentido, devemos considerar também as
mudanças de posicionamentos, de modos de classificar, de modelos descritivos
de análise, de integrar com a instituição novas formas de ensino, de circulação
das informações, de considerar outros campos teóricos (filosofia, ciências
sociais, história etc.) e de vinculação com outras instituições (sejam elas de
ordem acadêmica, administrativa, política ou econômica).
O selo
universidade
nas publicações de trabalhos de crítica literária fixa
status
e
direitos a quem pronuncia tal discurso – geralmente professores ou alunos de pós-
graduação tantas vezes também já professores –, não sem antes lhe fixar limites e
orientações do que dizer sobre a obra literária. Há, especialmente, na institucionalização
do saber, nesse caso, na institucionalização da crítica literária, uma obediência ao
discurso dito oficial que se profere na academia. O discurso de “sala de aula” nos cursos
de Letras deve contemplar determinados modelos de crítica literária já consagrados pela
tradição universitária da área em estudo: existem professores especialistas em literatura
portuguesa, professores especialistas em literatura inglesa, literatura brasileira, literatura
norte-americana, literatura africana etc. A escolha da grade curricular, por exemplo, faz-
se conjuntamente com a escolha do referencial bibliográfico de determinado curso de
literatura (sendo assim para todos os outros cursos dentro da academia) e não de forma
secundária, pois a escolha de determinada programação implica a seleção de
determinados textos referenciais e a consequente exclusão de outros. Há, portanto, uma
ordem do discurso da crítica literária universitária que é, sobretudo, institucionalizada.
Podemos visualizar o discurso crítico a partir da relação que se estabelece entre
(inter)locutores tanto via
interação
quanto via
instituição
. Nesse sentido, o gênero
artigo
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