Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 647

Quando consagramos a
réplica do diálogo
como a enunciação-resposta referente
ao discurso crítico primeiro, consideramos suas correlações e encadeamentos a partir da
relação dialógica que se estabelece bem como o papel institucional do autor crítico.
Nesse sentido, destacamos três itens que devem ser problematizados:
i) De uma enunciação mais geral de crítica para uma enunciação mais específica
em que se nomeia o crítico e o discurso partimos de dizer simplesmente “a
crítica” para alcançarmos as relações dialógicas da “crítica literária
universitária”, por exemplo. A relação entre o
crítico
e o
status
que ele exerce
compreende principalmente critérios de jurisdição e de conhecimento:
observamos, em especial, a autorização, validação, projeção e divulgação do
discurso do
professor
que tem a legalidade concedida pela instituição
universidade para fazer certa crítica literária. O papel que se reconhece no
crítico acadêmico
é a de alguém que tem a formação, que é especializado e por
isso possui autoridade para estabelecer determinada crítica. Especificamente,
essa relação abrange ainda um apropriado indicador de traços que definem o
funcionamento do
discurso da crítica literária acadêmica
em relação a outros
discursos (o literário, o pedagógico, o filosófico, o jurídico, o religioso etc.), pois
assim nos permite descrever os elementos que o faz ser um discurso
preferencialmente “crítico-literário universitário” e não categoricamente
“literário” ou “pedagógico”;
ii) Precisamos descrever também os lugares institucionais de onde o crítico se
instaura para produzir sua crítica. A universidade seria o lugar institucional mais
amplo que conglomera várias práticas institucionalizadas que explícitas ou não
participam da realidade acadêmica do professor crítico: o exercício político-
pedagógico da deliberação da grade curricular dos cursos; a escolha da
programação dos cursos; a prática pedagógica da sala de aula; os espaços
institucionais: a sala de aula, a biblioteca, os laboratórios de pesquisas; os
núcleos de pesquisa; os grupos de pesquisa que seguem diferenciadas áreas de
estudo etc.;
iii) As posições do sujeito definem-se do mesmo modo da situação que lhe é
admissível ocupar em relação aos múltiplos domínios ou grupos de objetos: o
crítico acadêmico ocupa duplo lugar na universidade, pois produz conhecimento
1...,637,638,639,640,641,642,643,644,645,646 648,649,650,651,652,653,654,655,656,657,...1290
Powered by FlippingBook