Anais do 1º Colóquio Internacional de Texto e Discurso - CITeD - page 612

tamanho valor, por jovens que compreendem a relevância social da leitura e seu poder
de transformação.
Fundamentação teórica
Desde o início da realização do trabalho estava claro que um consistente
referencial teórico deveria ser buscado. Pensou-se nas atividades que já haviam sido
planejadas, no público que freqüentaria o espaço e na finalidade das ações. Uma
reflexão sobre o horizonte de trabalho, sobre os caminhos que seriam percorridos e,
indo além, sobre o ponto em que se gostaria de chegar foi realizada. Procurou-se saber
quem seriam os leitores, quais seriam suas expectativas acerca do espaço, das atividades
e das concepções sobre o ato de ler.
Para tanto, estabeleceu-se contato com os sujeitos e as portas da sala, ainda
vazia, foram abertas. O lugar chamava a atenção dos que por ele passavam, não
raramente perguntavam o que seria feito no espaço, momento que se tornou oportuno
para convidar os jovens a participarem da empreitada. Numa perspectiva de isonomia
entre mediadores e adolescentes, o trabalho que se queria constituir era de parceria, de
co-autoria.
Foram realizadas leituras em Chartier (2002), referência importante para todo o
trabalho, o qual nos auxiliou no processo de reconhecimento da leitura como ato
histórico, que se modifica com o passar do tempo, com a evolução dos suportes e com a
mudança dos modos de pensar dos homens. Além disso, reconheceu-se que a
significação depende também das “circunstâncias por meio das quais os textos são
recebidos e apropriados por seus leitores” (CAVALLO & CHARTIER, 2002, p. 6), bem
como que toda leitura é sempre encarnada em um cenário particular, o qual envolve
gestos, hábitos e a disposição dos espaços.
Portanto, havia uma série de contrastes que deveriam ser levados em conta,
afinal a sala localiza-se fora do ambiente escolar, e uma boa parte dos adolescentes
participantes possuía acerca do ato de ler, dos materiais de leitura e do próprio espaço
concepções normativas, canônicas, que entravam em choque com a perspectiva aberta,
de co-autoria e dialógica do projeto. Algo que com o desenrolar das atividades deixava
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