TÍTULO: Suplemento Literário e Artístico
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Endereço: Rua Major Quedinho, 28.

Cidade: São Paulo – SP

Periodicidade: semanal (aos sábados)

Número de páginas: 06

Datas Limite:  06 out. 1956– 10 abr.1976 (no CEDAP)

Exemplares: 1-12; 14-459.

Redação/Responsável: Antônio Cândido e Décio de Almeida Prado

Ilustração: Diversas, incluindo fotos, desenhos e pinturas não só nos espaços designados às artes plásticas. O Suplemento desempenhou um importante papel para as artes visuais no jornalismo impresso, deu espaço para um desenho autônomo na primeira página, sem ligação com as matérias. Apresentou muitos dos melhores artistas plásticos da época, além de incentivar novos talentos, hoje consagrados. Alguns nomes podem ser citados: Darcy Penteado, Marina Caran, J. Reis Filho, Cyro Del Nero, Aldemir Martins, Guilherme de Faria, Roberto Magalhães, Georgius Braun, Fernando Lemos, Odiléa Setti Toscano, G. Lizarraga, Lazar Segall, Nino Cordio, Giselda Leirner, Ismena Coaracy, Gilson Barbosa, Marguerita, Rita Rosenmayer, Costa Aguiar, Cícero Dias, Cottingham, Ariel Severino, J. Carlos, Agi Straus, Brett Weston, Hilde, além de muitos outros.

Colaboradores: Lauro Escorel; Antonio Cândido, Mauro Leondas Casanova; Lygia Fagundes Telles; Áfono Ávila; Alberto Soares de Almeida; Sábato Magaldi; Lourival Gomes Machado; Arnaldo Pedroso d’Horta; Luís Martins; Brito Broca; Oracy Nogueira; Eugenio Gomes, Sérgio Buarque de Holanda; Adalmir da Cunha Miranda; Wilson Chagas; Lúcia Miguel Pereira; Adolfo Casais Monteiro; Nelly Novais Coelho; José da Veiga Oliveira; Haroldo de Campos; Naief Safady; Célia Berrettini; Mauricio Rittner; José Augusto França; Leyla Perrone-Moisés, Vilern Flusser; Luís Carlos Maciel; Frederico Branco; Carlos Felipe Moisés, Alcântara Silveira, Otto Maria Carpeaux; Octávio Mello Alvarenga; João Camilo de Oliveira Torres; João Bethencourt; Rogério Sganzerla; Augusto Meyer; Décio Pignattari; Nestor Goulard Reis Filho; Silvano Santiago; Macedo Dantas; Mauricio Tragtenberg; Liberto Cruz; Sergio Miliet; Joaquim de Montezuma de Carvalho; Urbano Tavares Rodrigues; André Carneiro; Caio Fernando de Abreu; Aracy Amaral; e muitos outros.

Caracterização: O Suplemento é constituído por sessões fixas e artigos livres, contos, poemas, ilustrações e entrevistas distribuídas entre dois setores: literário e artístico.
A parte fixa é composta por Rodapé Crítico e Resenha Bibliográfica – com artigos curtos que extrapolem as informações com notas críticas –, Letras Estrangeiras – com artigos sobre livros novos, tendências, movimento, autor ou acontecimento, seguido de um pequeno noticiário informativo sobre as literaturas estrangeiras –, Letras dos Estados – transcrevendo a mesma idéia das estrangeiras para os estados brasileiros –, Literatura Brasileira – análise de livros, interpretações de texto, informações biográficas, influências, etc –, Atualidade Literária – breves notas sobre o movimento de publicações e a vida literária em São Paulo e Rio de Janeiro –, e Revista das Revistas – resenha de revistas nacionais e internacionais. Já a parte variável não apresenta um modelo bem designado, dependendo das escolhas dos colaboradores.
Quanto ao segundo setor, a parte fixa é composta por 4 artigos semanais de artes plásticas, música, teatro e cinema. A parte variável é composta por artigos, notas e informações providenciadas pelos responsáveis por cada sessão.
Fisicamente, o Suplemento traz no canto superior esquerdo um carimbo do “Estado”, seguido do título centralizado e, abaixo, um cabeçalho, separado das matérias com uma linha. Traz um sumário no canto inferior esquerdo, tendo variações de posição e mesmo de presença no decorrer do tempo. A primeira página traz pequenos artigos, assim como a sessão de Letras Estrangeiras. A segunda é composta pela Resenha bibliográfica e suas matérias complementares. A terceira traz poesias e contos. Na quarta página, tem-se a sessão de Literatura Brasileira, junto com uma coluna fixa nomeada de A Semana e os Livros, geralmente no meio da folha. A quinta página é dedicada ao cinema e ao teatro, e a última, às artes plásticas.
Em relação à publicidade, o Suplemento ocupa-se apenas com divulgação de eventos culturais, com o intuito de não sobrecarregá-lo com anúncios.

Descrição: O Suplemento Literário é um empreendimento do jornal O Estado de S. Paulo, cujo diretor é Júlio de Mesquita, também um dos fundadores da Universidade de São Paulo em 1934. O jornal se posiciona contra uma política “getulista” por, primeiramente, ter a direção do jornal interceptada no período do Estado Novo, e também por inspiração liberal de desacreditar que o domínio da imprensa e da produção cultural devesse ficar sob o cunho centralizador do governo.
Sob esse espírito que Julio Mesquita teve a atitude – numa época onde proliferavam os Suplementos – de dar livre condição para Antônio Cândido e Décio de Almeida Prado estruturarem o Suplemento Literário que, visando ser uma pequena revista de cultura, deveria alcançar o equilíbrio entre a linguagem jornalística – sobretudo com as tendências norte-americanas de valorização da notícia – e a erudita, sanando tanto os interesses dos leitores comuns quanto do leitor culto.
“O Suplemento constitui uma unidade autônoma de iniciativa e organização”, afirma Décio de Almeida. Pelo menos em seus primeiros 10 anos – os que contaram com a direção do mesmo –, era dada carta branca desde editor de arte – o artista italiano Ítalo Bianchi – até os diversos colaboradores de peso. Também inaugura, como afirma Antonio Candido, no plano do Suplemento apresentado à direção do “Estado”, uma fase de “remuneração-condigna do trabalho intelectual”.
Durante a ditadura implantada na década de 60, o Suplemento trabalhou com a autocensura. A única vez que teve material vetado foi quando Leyla Perrone Moisés quis publicar uma foto de Mao Tsetung conjuntamente com sua matéria sobre os intelectuais e a revolução cultural. O artigo foi mantido sem intervenções.
Apesar da autocensura, correu certa tensão interior no Suplemento Literário, pois a maioria de seus colaboradores era de esquerda e, apesar da direção do Estado não impor restrições ao Suplemento, era um jornal de discurso em prol da “revolução progressista” dos militares.
O Suplemento Literário tem poucas alterações em seu período de existência. Algumas ocorreram no final da década de 60, começo da seguinte, quando Décio de Almeida Prado deixa a direção do órgão para se dedicar à vida acadêmica e é substituído por Nilo Scalzo (1966), professor da área de Letras e já com 13 anos de casa. Esse modificou algumas características da diagramação, mudando o tipo de fonte do título do Suplemento, acrescendo imagens dos livros resenhados na sessão de Resenhas Bibliográficas, e aumentando o espaço da ilustração na primeira página; assim como os colaboradores.

Observações: O sétimo rolo dos microfilmes existentes no CEDAP é composto pelo Suplemento do Centenário, de 04 de janeiro de 1975 (nº 1) a 10 de abril de 1976 (nº 67), sob a direção de Nilo Scalzo. Esse suplemento é um especial feito em comemoração aos cem anos do Estado, caracterizado pela temática do centenário – traz diversas matérias que discutem, por exemplo, os 100 anos de química no Brasil, os 100 anos de música brasileira, etc. Também discute várias questões, de Literatura, História ou Política à Química e Física.
Sua aparência física apresenta o título Suplemento do Centenário. Após uma linha, traz uma síntese do número em duas colunas centralizadas, ainda ocupando o topo da página. É composto também por 06 páginas.

Fonte: Lorenzotti, Elizabeth – Suplemente Literário, que falta ele faz: 1956 – 1974 o artístico ao jornalístico: vida e morte de um caderno cultural. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado, 2007.



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