TÍTULO: O Estado de S. Paulo
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Endereço: O endereço do periódico mudou inúmeras vezes. À medida que a cidade de São Paulo se desenvolvia e o número de habitantes subia vertiginosamente – a cidade decuplicou sua população durante os trinta e cinco anos que sucederam a chegada da ferrovia – o jornal vendia mais e o espaço exigido para impressão tinha de aumentar. Fundado em 1875, com o nome de A Província de São Paulo, por um grupo de dezesseis abolicionistas e republicanos, o jornal permaneceu com esse nome até 31 de dezembro de 1889, quando, devido à Proclamação da República, intitulou-se O Estado de S. Paulo. Em 1885, redação e oficinas localizavam-se na Rua Imperatriz, 58, esquina do Largo do Rosário. A essa época, a publicação era de 3.300 exemplares diários e havia mais de 2.000 assinantes. Em 1889, esse número se elevou a 4.500 exemplares, em abril. No ano seguinte, saiu a primeira edição com oito páginas e o jornal atingiu a marca de 7.000 exemplares. Com o nascimento da República, a Rua Imperatriz passou a chamar-se Rua Quinze de Novembro. Dois anos depois, em 1892, atingiu-se a marca de 8.000 exemplares diários e em 1897, essa quantia subiu para 18.442, com a cobertura da Guerra de Canudos sob os cuidados de Euclides da Cunha. Em 1906, nova mudança; desta vez, para a Praça Antônio Prado, Palácio Martinico, onde permaneceu até 1929. Esse endereço aparece pela primeira vez no dia 13 de junho de 1906, e a 19 a primeira nota anunciava que a instalação se concluíra, com material tipográfico inteiramente reformado. As oficinas funcionavam no porão, a redação no primeiro andar e a administração num pequeno espaço dando para a Rua do Rosário. No ano posterior, anunciou-se nova estruturação, com a compra de um terreno na Rua 25 de março e sete prédios na Ladeira Porto Geral e Rua Boa Vista para a redação e a administração com tubos pneumáticos ligando a redação e as futuras oficinas à rua 25 de março. Em outubro de 1913 o novo prédio estava concluído. A redação ligava-se agora às oficinas para o transporte de originais e provas, por um tubo pneumático por baixo da Rua do Rosário e Ladeira Porto Geral, numa extensão de 250 metros. Em 1916, o jornal publicava 45.000 exemplares diários e, no ano seguinte, 52.000. Todavia, a Primeira Guerra Mundial e seus reflexos sobre a importação de papel, diminuíram esses números para menos da metade em 1918, quando foram impressos 25.000 exemplares. Anos depois, as oficinas passaram à rua Barão de Duprat, 233 e, em 1929, a redação instalou-se à rua Boa Vista, 186, onde permaneceria durante as décadas de 1930 e 1940. Nos anos cinqüenta, construiu-se um novo prédio na Rua Major Quedinho, 28, que foi o endereço do periódico até a década de 1970 quando, no dia 12 de junho de 1976, completava-se outra mudança, dessa vez para a região da Marginal do Rio Tietê, no Bairro do Limão, onde o jornal mantém, atualmente, suas instalações.

Cidade: São Paulo

Periodicidade: O jornal O Estado de S. Paulo circulava todos os dias, exceto às segundas-feiras. Somente na década de noventa, em 1991, as edições tornaram-se diárias.

Número de páginas: O primeiro número do jornal foi publicado com apenas quatro páginas. Com o passar dos anos, esse número aumentou consideravelmente. Já em 1890, o número havia dobrado, atingindo oito páginas. Entre 1908 e 1916, o número de páginas oscilou entre dez e dezesseis páginas. (1908 – 16 pg; 1916 – de 10 a 12 pg). Na década de trinta, esses números dobraram, pois as edições de domingo alcançavam de 32 a 40 páginas, enquanto as dos outros dias raramente possuíam menos de 14. Mas no que concerne à quantidade, chama a atenção os números publicados na década de 1970, quando, aos domingos, o periódico aparecia com mais de duzentas páginas de classificados. É importante ressaltar que foi justamente devido ao volume de laudas que o jornal recebeu a alcunha de “Estadão”.

Datas-limite: O jornal O Estado de S. Paulo surgiu no ano de 1875 e, desde então, é publicado diariamente. Todavia, há um período que vai de março de 1940 a dezembro de 1945 que os proprietários não contabilizam como parte integrante da história do periódico. Esses cinco anos marcaram a ocupação do jornal pelo regime estadonovista, quando um diretor designado pelo DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda), Abner Mourão, assumiu não só a direção da redação, mas também os assuntos pertinentes às finanças do jornal.

Exemplares: O CEDAP possui toda a coleção do jornal O Estado de S. Paulo entre os anos de 1875, data de seu surgimento, até 1964, ano do golpe militar.

Redação/Responsável: Grandes nomes do jornalismo brasileiro foram responsáveis pela redação do jornal. Pode-se elencar, como exemplo, os nomes de Alfredo Pujol, Plínio Barreto, Paulo Duarte, Leo Vaz, Rangel Pestana, Júlio de Mesquita, Júlio de Mesquita Filho e Amadeu Amaral. Na década de 1980, o posto de diretor da redação estava sob o comando do jornalista Augusto Nunes, responsável por uma série de inovações tais como a circulação diária (inclusive nas segundas-feiras e feriados) e a adoção de cores no jornal além de reformas gráficas. Anos depois, em 1996, após a morte de Júlio de Mesquita Neto, Ruy Mesquita, à época, diretor do Jornal da Tarde assumiu o comando do periódico.

Ilustração: Um grande nome da caricatura no Brasil associou-se ao jornal O Estado de S. Paulo: Voltolino. Todavia, seus desenhos eram publicados no Estadinho, que teve sua primeira edição em 24 de maio de 1915, com apenas quatro páginas e composto em quatro colunas.

Colaboradores: Em mais de cento e trinta anos de história, o jornal teve inúmeros colaboradores. Por ter uma vinculação cultural muito relevante com os grandes investimentos na educação, como por exemplo, a fundação da Universidade de S. Paulo, os proprietários do jornal contavam sempre com a participação de um grande número de intelectuais das mais diversas áreas. Dentre eles, pode-se citar: Mário de Andrade, Sérgio Milliet, Oswald de Andrade, professores da Universidade, como Paul Vanorden Shaw, Roger Bastide, Silveira Bueno. Além disso, havia outros escritores que também freqüentavam a redação do periódico, os chamados “sapos”. Um desses escritores era Monteiro Lobato, que também publicou diversos textos nas páginas do matutino.

Caracterização: O jornal passou por diversas reestruturações e reformas gráficas desde 1875. Já em 1892, ocorreu a primeira delas: as letras góticas do cabeçário desapareceram e foram substituídas por caracteres semelhantes ao atual, porém maiores. Além disso, a composição tornou-se mais clara e regular e o aspecto mais agradável. À medida que aumentavam os colaboradores e os anúncios, o número de colunas se elevava, modificando a estruturação gráfica do periódico. Em 1896, ao invés das habituais oito colunas, o jornal apresentava nove e com a importação da primeira máquina Marinoni, italiana, o número de exemplares impressos crescia devido à velocidade de impressão. Em 1903, acrescentou-se mais uma coluna, ficando as páginas, com dez. É interessante destacar que essa estratégia de divisão das colunas não era fixa, assim, quando era essencial chamar a atenção do leitor para algum texto ou informação, uniam-se duas ou mais colunas, compondo um quadro que, imediatamente, se destacava do restante da composição e possibilitava o recorte e a confecção de coleções. Foi assim durante a Segunda Guerra Mundial, quando, iniciado desde 1938, se publicava quadros centralizados nas primeiras e últimas páginas que analisavam e sintetizavam os acontecimentos que se desenrolavam nos mais diversos cenários internacionais. Durante a guerra, o jornal trazia ainda inúmera variedade de fotografias e mapas explicando a estratégia de guerra dos aliados e as conseqüências das vitórias e derrotas em todos os campos de batalha, da Europa ao Pacífico. Entretanto, àquele tempo, os textos eram aglomerados, formando um caleidoscópio de informações que eram sobrepostas, o que tornava a leitura cansativa e difícil. Durante muito tempo, o jornal efetuou reformas para modificar essa realidade, o que parece ter conseguido somente a partir da década de 1980 e 1990, devido, em grande parte à concorrência.

Descrição: Na sua fundação, o jornal defendia os interesses das classes que lutavam pela abolição e pela Proclamação da República. Após essas conquistas, os proprietários do periódico sempre estiveram envolvidos nas constantes batalhas políticas que se travaram durante a República Velha. Apoiaram a campanha civilista de Rui Barbosa para a presidência, aproximaram-se do Partido Republicano Paulista e defenderam os interesses da elite de São Paulo, que tinha no café a sua principal fonte de riquezas. Durante a década de 1920, após o rompimento com o PRP, apoiou a fundação do Partido Democrático e, nos anos 1930, esteve no epicentro de vários e determinantes acontecimentos políticos do Brasil. Em 1930, apoiou a revolução que levou Getúlio Vargas ao poder; dois anos depois, em 1932, os proprietários do jornal faziam parte da liderança da Revolução Constitucionalista, que, derrotada, culminou com o primeiro exílio que a família Mesquita conheceu. Após o retorno à ordem constitucional, com a Carta de 1934, o jornal lançou a candidatura de Armando de Salles de Oliveira, cunhado de Julio de Mesquita Filho, à presidência da República, em 1937. No mesmo ano, porém, Getúlio Vargas desferiu o golpe do Estado Novo, e, no ano seguinte, novo exílio para Julio de Mesquita Filho, seu cunhado e amigos, dentre eles, Paulo Duarte. Com a queda desse regime, em 1945 e a redemocratização do país, o jornal voltou às mãos da família Mesquita que, desta data em diante, combateu qualquer tentativa de continuidade com o legado getulista. Em 1964, o jornal apoiou o golpe militar e, novamente, em virtude de desentendimentos quanto ao sentido da revolução, foi silenciado, em 1968. Com a presença de um censor na redação, surgiu a idéia de publicar, no lugar das matérias cortadas ou proibidas, receitas de bolo e versos de Camões, o que evidenciava ao leitor, a atuação da ditadura na imprensa. Na década de 1970, o jornal ampliou seu campo de atuação, ao criar a “Agência Estado” e o “Estúdio Eldorado”. Em 2000, lançou o portal do “Estadão” na Internet, apontada como desafio e responsável não só pela diminuição do número de assinaturas e vendas, mas também pela crise porque passa a imprensa mundial.

Fontes:

DUARTE, Paulo. “Julio de Mesquita e o Estado”, In: Centenário de Júlio de Mesquita. São Paulo: Anhambi, 1964, pp. 139-320.

MESQUITA, Ruy. Entrevista ao programa Roda Viva. In:


http://www.rodaviva.fapesp.br/materia/137/entrevistados/ruy_mesquita_2006.htm.

SODRÉ, Nelson Werneck. História da imprensa no Brasil. Rio de Janeiro: Mauad, 1999.



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